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O poder transformador do fim de ano

Data de Publicação: 11/12/24

Nos dias que separam o Natal do Ano Novo, parece que entramos em uma bolha onde o ritmo do mundo desacelera. É como se o calendário nos presenteasse com uma pausa que nos permite parar, respirar, refletir e reorganizar. Esse é o momento perfeito para olhar para trás e projetar o futuro.

Desde jovem, costumo utilizar esses dias para refletir sobre o ano que passou e traçar planos para o ano novo que está prestes a começar. Uma lição que aprendi ao longo do caminho é a importância de registrar esses planos por escrito, para que eu possa revisá-los quando o ano acabar. Descobri que nossa memória pode ser traiçoeira, pois foi feita para nos proporcionar bem-estar, e não precisão.

Considero extremamente valioso olhar para o que fiz, o que deixei de fazer e o que poderia ter feito de forma diferente. Esse exercício não é apenas uma análise de resultados, mas uma oportunidade de reconhecer os esforços e entender como eles moldaram minha jornada. Gosto de refletir sobre os objetivos que deixei de alcançar por falta de esforço pessoal, aqueles que perderam relevância ao longo do ano e, até mesmo, as metas que não consegui realizar, apesar de todo meu empenho, para compreender quais limitações me impediram de atingi-las.

Por outro lado, é igualmente importante celebrar com orgulho e satisfação as metas que foram realizadas, analisando os motivos que me levaram ao sucesso. Olhar para trás me convida também a olhar para frente, e é nesse momento que começo a traçar metas para o novo ano, equilibrando esperança e pragmatismo. Reavalio os objetivos não realizados que ainda merecem fazer parte do meu planejamento, elimino os que não fazem mais sentido e defino novas metas que quero alcançar.

Além do planejamento, uso esse período para refletir sobre as pessoas com quem gostaria de ter tido mais contato. A correria do dia a dia muitas vezes nos distancia de amigos e familiares importantes. Penso naqueles que me fazem bem ou em quem sei que minha presença seria significativa. Reatar laços negligenciados, seja por uma visita, um telefonema ou uma mensagem mais atenciosa, é algo que considero essencial, pois relacionamentos verdadeiros são um dos pilares mais importantes da vida.

Porém, acredito que há um momento certo para essas reconexões. Sou contra a ideia de passar as celebrações de Natal ou Ano Novo grudado no celular, enviando mensagens rápidas e superficiais. O ideal é estar verdadeiramente presente com aqueles que estão ao nosso redor. Prefiro dedicar um tempo maior, durante esta “bolha” do tempo entre os dias 26 e 30 de dezembro, para uma conexão verdadeira, seja pessoalmente ou por uma conversa significativa.

Ao mesmo tempo, reconheço que o tempo é limitado e, por isso, faço questão de realizar uma limpeza em tudo que ocupou meu ano sem trazer qualidade de vida. Gosto de começar pelos objetos físicos, como roupas e itens acumulados que não têm mais utilidade. Mas também reflito sobre relações pessoais ou compromissos que já perderam significado. Identificar pessoas ou atividades que drenam nossa energia é um passo importante para começar o novo ano mais leve.

Lembro-me de um final de ano em que, após refletir, tomei a difícil decisão de me desligar de um programa de mestrado. Percebi que, apesar de gostar da atividade, ela consumia mais tempo do que o retorno que proporcionava. Entendi que, ao alocar esse tempo para minhas aulas de graduação, teria um impacto maior. Foi uma decisão que muitos acharam irracional, mas, para mim, foi libertadora.

Mesmo sendo apenas uma convenção, o calendário nos dá um espaço em branco para projetar sonhos. É importante, porém, diferenciar sonhos de objetivos. Sonhar é inspirador e não exige compromisso, mas um objetivo é um sonho transformado em ação. Ele exige planejamento, prazos e esforço. Por exemplo, sempre sonhei em escalar o Monte Everest, mas nunca estive disposto a pagar o preço para transformar esse sonho em objetivo.

Por fim, é essencial lembrar que metas não precisam ser grandiosas. Elas podem envolver cuidar melhor da saúde, dedicar mais tempo à família ou investir em um hobby prazeroso. O importante é que reflitam o que realmente valorizamos e nos tragam satisfação ao longo do próximo ano.

Como minha atividade está ligada às finanças, quero compartilhar algumas dicas que podem ajudar no seu planejamento financeiro para o próximo ano. Assim como nos outros aspectos da vida, um bom planejamento financeiro exige reflexão, organização e comprometimento.

Comece refletindo sobre suas finanças no ano que passou. Você acredita que caminhou na direção certa? Se sim, continue firme nesse caminho; caso contrário, trace um plano concreto para promover as mudanças necessárias.

Se você tem dívidas, reflita sobre o que as causou. Nem todas as dívidas são ruins. Financiamentos para adquirir um imóvel, investir em educação ou abrir um negócio com potencial de retorno podem ser positivas. No entanto, se as dívidas foram resultado de descontrole financeiro, é hora de fazer uma ampla revisão do orçamento. Lembre-se de que, ao pagar juros, você está desperdiçando uma parte do seu tempo, que foi gasto para ganhar dinheiro, em um custo desnecessário decorrente da desorganização.

Verifique se você possui uma reserva para imprevistos equivalente a, pelo menos, três meses dos seus gastos essenciais. Todos estamos sujeitos a situações inesperadas, e, sem uma reserva financeira, será necessário recorrer a dívidas caras, como o cartão de crédito, cheque especial ou consignado.

Outro ponto importante é avaliar como você está cuidando do seu futuro. A cada ano que passa, nosso capital humano diminui, e, no futuro, precisaremos viver do que acumulamos financeiramente. Ou você ou seu dinheiro terá que trabalhar enquanto você viver. Certifique-se de que está investindo para garantir uma aposentadoria tranquila.

Aproveite também para revisar sua contribuição ao plano de previdência da ELOS. Você já alcançou os 12% de contribuição? Caso contrário, é hora de ajustar, pois certamente não vale a pena começar o ano desperdiçando dinheiro e pagando mais Imposto de Renda em 2025, concorda?

Além disso, estabeleça objetivos claros e realistas para o próximo ano. Deseja quitar dívidas? Poupar para uma viagem? Investir em sua educação ou aposentadoria? Lembre-se de que metas financeiras devem ser específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e com prazo definido. E para finalizar, desejo a você um excelente 2025, repleto de conquistas, equilíbrio e sucesso financeiro!

Jurandir Sell Macedo

Doutor em Finanças Comportamentais com pós-doutorado em Psicologia Cognitiva, sendo pioneiro nesta área no Brasil. Nosso consultor na área financeira e previdenciária.

jurandirsell.com.br

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