Finanças e previdência

Mesadinha do Casal, uma aliada do equilíbrio financeiro

Data de Publicação: 11/06/24

Neste dia 12 de junho se comemora no Brasil o Dia dos Namorados. Esta data foi escolhida por ser a véspera do dia de Santo Antônio, que é conhecido no Brasil como o santo casamenteiro.

Antônio de Pádua ou Antônio de Lisboa, canonizado como Santo Antônio, nasceu em 15 de agosto de 1195 em Lisboa e morreu em 13 de junho de 1231, em Pádua, Itália. Ele ficou reconhecido por abençoar jovens casais com casamentos felizes e prósperos.

A associação entre namoro e casamento é bastante direta, pois, se não todos, a maioria dos casais que começam a namorar imaginam construir uma vida juntos. Mas, tão logo o namoro começa, entra uma força bastante poderosa da nossa realidade na relação: o dinheiro. Desde o primeiro cinema ou o primeiro jantar, já surge a questão de quem paga a conta.

Em um passado recente, a obrigação de pagar era do homem; porém, com a emancipação feminina, isto já não é norma. Assim, falar sobre dinheiro na relação é fundamental, e tratar este tema como um tabu é um erro. Tabu é uma proibição ou restrição cultural sobre certos comportamentos, palavras ou práticas. Felizmente, nossa sociedade tem derrubado muitos tabus sem sentido do passado, e o dinheiro nas relações deve também deixar de ser um tabu.

O importante é vencer o tabu e conversar sobre dinheiro abertamente. Relacionamentos são resultado do amor entre duas pessoas, mas, no dia a dia, ele é uma sociedade onde as finanças são parte importante da relação e, portanto, precisam ser constantemente discutidas e avaliadas.

Se no namoro é possível manter as contas separadas, quando os dois vão morar juntos, é preciso juntar rendas e despesas, o que nem sempre é fácil. Eu gosto de dizer que um bom orçamento é aquele que, além do que é fundamental, evita os desperdícios e faz sobrar dinheiro para os supérfluos.

Fundamental vs. Desperdício

Fundamental é relativamente simples de saber o que é: moradia, alimentação, higiene, transporte, saúde, educação, vestuário, impostos e taxas. Mas o problema é saber o que é desperdício e o que é supérfluo.

Há desperdícios simples, como uma torneira vazando, um aparelho elétrico ligado sem uso, pagamento de juros por descontrole financeiro, uma roupa que compramos e não usamos, e tudo aquilo cujo custo de aquisição não compensa a quantidade de vida que gastamos para ganhar o dinheiro para pagar seu custo. Pois é importante entender que não pagamos nada com dinheiro, mas sim com tempo, ou o tempo que gastamos para ganhar aquele valor. Portanto, temos que ser muito intolerantes com o desperdício.

Já o supérfluo são as coisas que não são fundamentais, mas que valem o esforço que despendemos para ganhar aquele valor. Ir a um bom restaurante é supérfluo, mas para muitas pessoas vale muito a pena o gasto. Para alguns, comprar uma roupa bacana é supérfluo; para outros, desperdício.

Estabelecer a diferença entre supérfluo e desperdício é uma decisão bastante pessoal. Fazer sobrar algum dinheiro para ser gasto com supérfluo é muito importante, é o que dá sabor à vida. Uma vida sem nenhum supérfluo é uma vida muito chata. Mas entra aí um problema: o que para uma pessoa é supérfluo, para o companheiro ou companheira pode ser puro desperdício. Como fazer, então, quando as finanças são compartilhadas?

Definindo a Mesadinha do Casal

Uma solução simples para evitar discussões é a chamada “mesadinha do casal”. É um procedimento que se assemelha à mesada que os pais dão aos filhos. O casal define um percentual que será destinado a cada um dos parceiros para o supérfluo, aquelas despesas que não são fundamentais, mas que dão prazer para cada um.

Um orçamento equilibrado é aquele que tem espaço, sem excessos, para o supérfluo. Quanto mais folgado for um orçamento, maior pode ser esse espaço. Para os casais com orçamento mais apertado, pode-se destinar 4% para a mesada de cada um. Aqueles com muita folga podem chegar até a 10% para cada um.

Importante notar que este percentual é da renda total; não importa se um ganha mais, a mesada deve ser igual. Vamos dar um exemplo: se ela ganha R$ 5.000,00 e ele R$ 3.000, e se é um casal com bastante folga no orçamento, então cada um recebe R$ 800,00 de mesadinha, se o orçamento estiver apertado cada um recebe R$320,00.

Definido este percentual, ambos devem gastar o dinheiro que lhes cabe, sem precisar prestar contas ao outro. Também é proibido julgar ou criticar os gastos feitos usando a mesada. Assim, um pode ter autonomia para gastar em roupas, mensalidade do time de futebol ou em salão de beleza, enquanto o outro pode gastar com esportes, sapatos, presentes ou o que mais quiser – talvez até mesmo para convidar o outro para um jantar romântico. É a saída para sobrar mais dinheiro e sorrisos, sem aquelas críticas que ninguém gosta de ouvir.

Jurandir Sell Macedo

Doutor em Finanças Comportamentais com pós-doutorado em Psicologia Cognitiva, sendo pioneiro nesta área no Brasil. Nosso consultor na área financeira e previdenciária.

jurandirsell.com.br

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