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Sete passos para a Independência Financeira

Neste sábado, 7 de setembro de 2024, comemora-se a Independência do Brasil, ocorrida em 1822. Supostamente, D. Pedro I rompeu sua ligação com Portugal com o famoso grito de “Independência ou Morte” e nos tornou uma nação independente do Reino de Portugal.

Apesar do romantismo retratado no Grito do Ipiranga, a verdade é que a independência foi mediada pela Inglaterra, mediante o pagamento de uma indenização vultuosa para a época, no valor de 2 milhões de libras esterlinas. Para pagar essa indenização, o Brasil contraiu um empréstimo com bancos britânicos, o que deu início a uma dívida externa que perdurou por muitos anos. Além disto precisou fazer uma série de concessões comerciais que favorecia a Inglaterra. Isso incluía manter tarifas alfandegárias baixas para produtos britânicos e abrir o mercado brasileiro para os produtos ingleses.

Ficamos politicamente independentes de Portugal, porém, economicamente dependentes da Inglaterra. Isso nos leva ao tema deste artigo: independência financeira.

A palavra “liberdade” tem origem no latim, com a raiz “liber” significando “livre,” “independente” ou “não sujeito à autoridade alheia” e “condição de quem não é escravo.” Essa raiz está relacionada ao conceito de autonomia e à capacidade de agir conforme a própria vontade, sem restrições impostas por outra pessoa ou entidade.

Assim, alguém que tem um emprego ou um trabalho profissional não é escravo, portanto, é livre. Porém, essa pessoa está sujeita à autoridade alheia e, por isso, não pode se considerar plenamente livre. Dessa forma, a ideia de liberdade financeira passou a ser considerada a condição daqueles que não dependem da venda do seu tempo para viver.

O conceito mais comum de liberdade financeira é a condição em que uma pessoa possui recursos financeiros suficientes para cobrir todas as suas necessidades e desejos sem depender de um trabalho ou salário. Ela é alcançada quando os rendimentos dos seus investimentos, aluguel de imóveis ou lucros de negócios — seja por distribuição de lucros ou dividendos — são suficientes para manter o estilo de vida desejado, independentemente de trabalhar ativamente. É importante destacar a palavra “ativamente”, pois, em oposição, nasce a ideia de renda passiva, que é aquela que não exige a necessidade de dispender tempo para gerá-la.

Viver apenas de renda passiva é um privilégio que muitas pessoas associam à riqueza, pois implica possuir um patrimônio significativo o suficiente para gerar rendimentos que sustentem um estilo de vida confortável sem a necessidade de trabalhar ativamente. Isso permite que essas pessoas escolham como e onde gastar seu tempo, sem as amarras das obrigações financeiras do dia a dia. Aqueles que alcançam essa condição são frequentemente considerados ricos.

Então, chegamos a um ponto interessante: como ficar rico ou como viver apenas de renda passiva?

Passo 1 – Definir qual a renda vai fazer você se considerar rico. A primeira coisa que precisamos para ficar rico é saber quando vamos nos considerar ricos. Pode parecer um detalhe bobo, porém, não é. Se você não traçar de forma clara qual a renda que precisa ter e qual o seu patrimônio para se tornar rico, você jamais será rico. Se você não sabe quando é a linha de chegada, você nunca chegará lá.

No clássico filme “Forrest Gump”, o protagonista passa três anos correndo sem destino até que, finalmente, para e retorna para casa. E então me pergunto: será que ele chegou aonde queria? Infelizmente, muitas pessoas passam a vida correndo em busca de uma linha de chegada inexistente e só param quando a morte chega.

Passo 2 – Calcule o capital necessário.  Estime uma taxa de retorno realista. Esqueça as projeções que calculam taxas de retorno de 10% ao ano; isso é extremamente raro de alguém conseguir. Lembre-se de que, se a Selic está a 10,5%, não é esse o valor que você vai receber, pois precisa descontar a inflação, o Imposto de Renda e os custos da B3 ou da taxa de administração do seu fundo. Assim, considere um retorno real do seu patrimônio entre 3,5% e 4% ao ano. Dessa forma, para obter uma renda de R$ 1.000, você precisará acumular algo entre 300 mil e 340 mil reais. Para uma renda de R$ 10.000, será preciso acumular mais de 3 milhões de reais.

Passo 3 – Reinvista os rendimentos. – renda passiva só após ficar rico. Até acumular o montante que lhe gere renda suficiente para manter o estilo de vida desejado, reinvista os rendimentos integralmente.

Passo 4 – Diversifique seus investimentos.  No mercado financeiro, costuma-se dizer que a diversificação é o único almoço grátis. Forme sua reserva de imprevistos em investimentos conservadores e, para as reservas de longo prazo, invista em fundos de investimentos, ações, títulos públicos e privados e, se gostar, em fundos imobiliários ou imóveis. Se quiser simplificar sua vida, escolha um bom plano de previdência privada que faça tudo isso por você.

Passo 5 – Constância é o que te leva ao sucesso. Mais importante do que investir muito é investir sempre, pois poucas coisas são mais poderosas que os juros compostos.

Passo 6 – Minimize os custos. Pagar 2% de taxa de administração pode parecer pouco, mas pense no impacto disso em 30 anos.

Passo 7 – Aumente seus rendimentos.  Você pode fazer isso empreendendo ou se educando para ganhar mais. Mas cuidado, muitas pessoas que aumentam seus ganhos acabam aumentando seus gastos na mesma proporção. O que vai fazer você ficar rico não é o quanto você ganha, mas a diferença entre o que você ganha e o que você gasta.

Agora, tenha cuidado para não focar excessivamente no futuro, pois, às vezes, ele pode não chegar. Cuide do seu eu futuro sem esquecer do seu eu presente. Mais importante do que quão longe você vai chegar é saber se está aproveitando o caminho.

E um conselho final: cuidado para não tornar sua vida muito complicada. Foque nas coisas simples, evite tornar sua vida muito cara, pois você pagará pelos excessos de consumo vendendo seu tempo. Gaste sempre naquilo que lhe dá prazer e significado para sua vida, e jamais na busca de status social, ou seja, gastar para parecer ser alguém diferente do que você realmente é.

Lembre-se: tudo aquilo que possuímos também nos possui e o consumo costuma ser uma algema muito forte. Portanto, para ser livre, cuide para que sua bagagem não seja muito pesada. Quem quer chegar longe vai leve.

Jurandir Sell Macedo

Doutor em Finanças Comportamentais com pós-doutorado em Psicologia Cognitiva, sendo pioneiro nesta área no Brasil. Nosso consultor na área financeira e previdenciária.

jurandirsell.com.br

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