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Finanças e previdência

Em busca do melhor investimento: como escolher suas aplicações

Publicado em 17/01/24

Durante um jantar em minha casa, surgiu o assunto sobre uma lista dos melhores restaurantes do mundo que recentemente havia sido divulgada. Naquela época, estava começando a onda das hamburguerias gourmet em Florianópolis. Sendo assim, sugeri que cada um de nós elegesse a melhor hamburgueria da cidade. Estávamos em oito pessoas, e cinco locais diferentes foram citados.

Para alguns, o importante era a carne; para outros, o pão, o molho, o ambiente ou até mesmo o atendimento. Sempre que inicio minha explicação sobre investimentos na minha disciplina de Finanças Pessoais na UFSC, pergunto aos alunos qual é a praia mais bonita da Grande Florianópolis, e diversas opiniões diferentes sempre surgem.

Dessa forma, por que continuamos a ser tão impactados por listas do melhor restaurante do mundo, melhor hotel, praia mais bonita ou melhor vinho do mundo?

Muitos iniciantes no mundo dos investimentos buscam incessantemente pelo “melhor” investimento, aquele que promete elevados retornos com pouco risco. No entanto, essa busca é fadada ao fracasso, pois o “melhor” investimento simplesmente não existe. O que realmente importa é encontrar o investimento adequado para cada situação e para cada indivíduo.

Cada investidor possui um perfil distinto, que reflete sua tolerância ao risco, objetivos financeiros, horizonte de tempo, entre outros fatores. Uma pessoa jovem que busca acumular patrimônio para a aposentadoria pode estar mais aberta a investir em ativos mais voláteis, enquanto alguém mais velho, que deseja preservar seu patrimônio e obter uma renda, pode preferir ativos mais estáveis e conservadores.

Da mesma forma, os indivíduos têm diferentes personalidades. Algumas pessoas não se abalam com quedas temporárias em seus investimentos, uma situação que frequentemente ocorre nos investimentos de maior risco. Já outras se perturbam bastante com essas flutuações. Afinal, a poupança serve para nos proporcionar tranquilidade e paz de espírito, e não para causar-nos aflição. Portanto, adaptar a carteira de investimentos ao perfil de cada um é fundamental.

O conceito de risco

No entanto, alguns pontos precisam ser compreendidos e observados na busca pelo investimento ideal para cada situação. O primeiro ponto a ser observado é o conceito de risco. Em investimentos, existem dois riscos fundamentais: o primeiro, o risco de mercado, refere-se às flutuações no valor de um ativo ou investimento e é influenciado por eventos macroeconômicos, políticos e globais. Investimentos em bolsa de valores ou fundos multimercados, normalmente, possuem um elevado risco de mercado. Nos investimentos de longo prazo, como no caso da reserva de aposentadoria dos jovens, esse risco é desejável, visto que, em finanças, risco e expectativa de retorno são inversamente proporcionais.

O risco de crédito, frequentemente chamado de risco de inadimplência, está relacionado à possibilidade de uma das partes em uma transação financeira, o devedor, não cumprir suas obrigações contratuais, resultando em perdas para a outra parte. Este risco está presente quando emprestamos nosso dinheiro para alguém, como no caso das Debêntures, LCIs, LCAs, CRIs, CRAs, Letras de Câmbio, CDBs, fundos de crédito privado, entre outros. Esse risco só deve ser assumido por quem compreende e se sente confortável com ele.

Os três tipos de reserva

Agora que entendemos os riscos, podemos abordar a famosa separação das reservas em três categorias: Imprevistos, Aposentadoria e Sonhos. A reserva para imprevistos deve ter um montante entre três e seis vezes nossos gastos mensais e sempre deve ser alocada em investimentos de elevada liquidez, ou seja, que permitam que estejam à nossa disposição sempre que precisarmos. Ela não deve correr riscos de mercado e de crédito; por isso, normalmente tem baixo rendimento. Aqui, devemos aplicar em fundos de investimentos DI conservadores ou no Tesouro Selic, disponível no Tesouro Direto.

Para a reserva de aposentadoria, é aconselhável assumir riscos de mercado em busca de retornos maiores. Para esta reserva, recomenda-se uma carteira diversificada entre ações, fundos multimercado, títulos de longo prazo e fundos específicos, como os imobiliários. Como se pode deduzir, para esses investimentos é preciso ter conhecimento, e é aqui que surgem os planos de previdência privada, onde uma equipe profissional gerencia os investimentos. Além disso, os planos de previdência oferecem diferentes perfis de investimento para contemplar as variadas propensões ao risco e os distintos momentos de vida do investidor.

Mas a maior vantagem dos planos de previdência são os benefícios fiscais que possibilitam que as contribuições feitas aos PGBLs ou aos fundos fechados como é o caso da Elos um significativo abatimento do Imposto de Renda.

Finalmente temos a reserva de sonhos. Para sonhos de curto prazo e com data fixa para ocorrer devemos investir em aplicações semelhantes da reserva de imprevistos. Já para sonhos de longo prazo e com data flexível para ocorrer podemos correr maiores riscos, então aplicações semelhantes a da aposentadoria são os ideias.

Autoconhecimento e a compreensão dos seus objetivos

A busca pelo “melhor” investimento pode levar a decisões apressadas, baseadas em dicas infundadas ou em tendências efêmeras. Em contrapartida, buscar o investimento adequado demanda educação financeira, compreensão dos próprios objetivos e análise minuciosa das opções disponíveis.

Investir também é uma jornada de autoconhecimento. Ao entender suas reações emocionais às flutuações do mercado, bem como suas aspirações e temores, você pode tomar decisões de investimento mais congruentes com sua essência e com o que almeja para o futuro.

Em vez de almejar o inalcançável “melhor” investimento, foque em construir uma estratégia de investimento robusta, em consonância com seus objetivos, perfil de risco e horizonte temporal. Tenha em mente que investir não é uma corrida para achar o ativo mais rentável, mas sim uma maratona para edificar e preservar patrimônio ao longo da vida. E, nesta maratona, o que realmente importa é o planejamento e a estratégia subjacentes a cada decisão.

Para concluir, lembre-se de que o dinheiro é difícil de ser conquistado e muito fácil de ser perdido. Se você não compreende um investimento, evite-o. As melhores estratégias são, frequentemente, as mais descomplicadas. Na selva do mercado financeiro, é essencial ter parceiros confiáveis.

A Elos é uma instituição sem fins lucrativos que há 50 anos está ao lado de seus participantes, e todos os seus diretores têm suas economias aplicadas na própria fundação.

Jurandir Sell Macedo

Doutor em Finanças Comportamentais com pós-doutorado em Psicologia Cognitiva, sendo pioneiro nesta área no Brasil. Nosso consultor na área financeira e previdenciária.

jurandirsell.com.br

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