O Dia da Mulher, celebrado em 8 de março, tem suas raízes em lutas históricas por direitos e igualdade de gênero. Originalmente, a data está ligada aos movimentos operários e de luta das mulheres por melhores condições de trabalho, igualdade salarial e direito ao voto.
A desigualdade entre mulheres e homens é um tema que, infelizmente, ainda persiste em diversas esferas da sociedade, incluindo a remuneração, a jornada de trabalho, o acesso à educação, os investimentos e até mesmo durante a aposentadoria.
Salários e jornada de trabalho
Dados recentes mostram que, em média, as mulheres ainda recebem salários inferiores aos homens, mesmo desempenhando funções similares. A diferença salarial, conhecida como “gender pay gap”, é um reflexo da desvalorização do trabalho feminino e das barreiras que as mulheres enfrentam para ascender em suas carreiras.
Apesar de já ser uma obrigação legal, a igualdade salarial entre homens e mulheres continua sendo uma questão pendente no Brasil. Mesmo com a garantia constitucional de igualdade de gênero e com dispositivos na legislação trabalhista para regulamentar a isonomia salarial, a realidade do mercado de trabalho brasileiro ainda reflete uma notável disparidade entre os sexos.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres recebem, em média, apenas 78% do salário dos homens, o que representa uma diferença de mais de 20%. Esta discrepância salarial persistente evidencia que, embora haja leis e regulamentações em vigor, na prática, as mulheres enfrentam barreiras que as impedem de obterem remuneração justa e equivalente à dos seus colegas do sexo masculino.
Além disso, as mulheres frequentemente enfrentam jornadas de trabalho mais longas, pois muitas vezes precisam conciliar suas atividades profissionais com as responsabilidades domésticas e familiares. Isso pode resultar em uma sobrecarga física e emocional, afetando sua saúde e qualidade de vida.
O ônus das tarefas domésticas ainda recai desproporcionalmente sobre as mulheres. Mesmo sendo as principais provedoras de renda em quase 40% dos lares brasileiros, as mulheres continuam a dedicar uma média de 21,3 horas semanais ao trabalho doméstico, enquanto os homens dedicam menos da metade desse tempo. Esse trabalho não remunerado permanece invisível nas contas econômicas convencionais, subestimando o verdadeiro valor das contribuições das mulheres para suas famílias e para a sociedade como um todo, além de causar sobrecarga mental e física.
Estudo e disparidade da remuneração
Dando um passo atrás, quando falamos sobre nível de escolaridade, os números se invertem. Segundo uma pesquisa da PUCRS, realizada no estado do Rio Grande do Sul, enquanto 31,5% das mulheres ativas no mercado de trabalho possuíam Ensino Superior completo, apenas 21% dos homens compartilhavam da mesma conquista. Por outro lado, 35,2% dos homens haviam se limitado ao Ensino Fundamental, em contraste com os 23,3% das mulheres nesse mesmo patamar educacional. Mas apesar da superioridade educacional feminina, a equidade salarial entre os gêneros ainda é uma miragem no estado.
Em 2021, o rendimento médio do trabalho entre os homens era 37,2% maior do que entre as mulheres. Enquanto elas auferiam uma média salarial de R$2.380 mensais, os homens recebiam uma média de R$3.267. Mesmo entre indivíduos com a mesma qualificação, a disparidade persiste: para homens com Ensino Superior completo, a renda média alcançava R$6.589, enquanto para as mulheres com a mesma formação, o valor caía para R$3.888.
Os dados são provenientes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNADc), também realizada pelo IBGE, e referem-se à população ativa no mercado de trabalho, com idade entre 25 e 64 anos. Essas estatísticas constatam que apesar dos avanços na educação feminina, ainda há desigualdade de acesso e permanência das mulheres em instituições de ensino superior e em cursos de maior prestígio.
Investimento e aposentadoria
Nos últimos anos, o Brasil testemunhou um aumento no número de mulheres investidoras. De acordo com dados recentes, o percentual de mulheres que relataram possuir algum tipo de aplicação financeira cresceu de 28% em 2021 para 33% em 2022, enquanto o número de homens investidores avançou de 34% para 40% no mesmo período. Ainda assim, as mulheres tendem a ser mais conservadoras e menos propensas a assumir riscos em sua carteira de investimentos, na maioria dos casos por terem menor estabilidade e disponibilidade de recursos. Isso pode resultar em menor acumulação de patrimônio ao longo do tempo, afetando sua segurança financeira no futuro.
Em reflexo disso, a desigualdade de gênero também se manifesta na aposentadoria. As mulheres, em média, vivem mais do que os homens, o que significa que precisam de uma reserva financeira maior para sustentar uma aposentadoria digna. No entanto, devido às disparidades salariais e de investimentos, a maior parte delas se aposenta com benefícios menores do que os homens.
Dados do Anuário Estatístico da Previdência Social de 2017 confirmam essa realidade: a aposentadoria por idade é a modalidade mais frequente entre as mulheres devido às dificuldades em acumular o tempo mínimo exigido para a aposentadoria. Além disso, os benefícios pagos às mulheres, em média, são significativamente menores em comparação aos benefícios concedidos aos homens. Em 2017, enquanto o valor médio dos benefícios recebidos pelos homens foi de R$1.516,29, a média entre as mulheres foi de apenas R$1.153,83, uma diferença de 31%.
A necessidade de um mudança de paradigma
É fundamental que a sociedade como um todo reconheça e combata essas desigualdades. A igualdade de gênero não é apenas uma questão de justiça social, mas também de desenvolvimento econômico e sustentabilidade. Quando as mulheres são valorizadas e têm as mesmas oportunidades que os homens, toda a sociedade se beneficia.
A Elos reafirma seu compromisso em promover a igualdade de gênero em todas as suas ações e convida a todos a se unirem a essa causa. Juntos, podemos construir um futuro mais justo e igualitário para todas as mulheres.