Quando começamos a pensar na preparação para a aposentadoria, diversas dúvidas surgem: “Quando devo começar a poupar?”, “Quanto preciso poupar?”, “Será que estou poupando o suficiente?”.
Responder a essas perguntas com precisão pode exigir cálculos sofisticados, que normalmente requerem uma consulta com um planejador financeiro. Mas será que é possível obter uma resposta simples, ainda que não muito precisa, para essas questões?
Com essa pergunta em mente, e sob a liderança de Martin Iglesias, especialista em investimentos e finanças, uma equipe multidisciplinar do Itaú criou o “IMC do Bolso“.
O Índice de Massa Corporal (IMC) é uma medida simples e amplamente usada por profissionais da saúde para classificar indivíduos em categorias através do peso e altura corporal. Apesar de ser uma ferramenta inicial e não muito precisa, ela serve como um bom indicador para avaliações físicas mais detalhadas.
Da mesma forma, o método 1-3-6-9 pode não ser muito preciso, mas oferece um ótimo indicador para avaliar se estamos no caminho certo para a aposentadoria e quanto precisamos poupar. Mais do que um indicador matemático, ele é uma ferramenta de finanças comportamentais.
A preparação para o futuro é complexa e incerta. Isso se deve, em parte, à dificuldade que as pessoas têm de se imaginarem na velhice. Quando poupamos para a aposentadoria, nosso cérebro entende que estamos limitando nossos gastos atuais em favor de uma “terceira pessoa”: o nosso eu do futuro.
O método 1-3-6-9 estabelece marcos temporais para valores que devem ser acumulados em diferentes fases da vida. Exemplo: aos 35 anos, deveríamos ter 1 ano de salário poupado; aos 45, de 3 anos; aos 55, de 6 anos; e aos 65, de 9 anos.
Para quem acha essa meta inatingível, existe uma tabela que mostra quanto é necessário poupar mensalmente para alcançar os “nove anos” aos 65. Confira:
Idade | % a poupar |
25 a 40 anos | Sua idade menos 15 anos |
45 anos | Sua idade menos 10 anos |
50 Anos | Sua idade |
O esforço de poupança aumenta à medida que a idade avança, tornando cada vez mais difícil manter o padrão de vida na aposentadoria se o planejamento não começar cedo.
É importante notar que, se começarmos a poupar 10% da nossa renda aos 25 anos, esse percentual deverá permanecer o mesmo durante toda a vida. Da mesma forma, se começarmos aos 35 anos, teremos que poupar 20% até os 65 anos. Observe que um atraso de 10 anos já dobra o esforço necessário para atingir a meta.
O 1-3-6-9 não pretende simplificar todo o planejamento financeiro a uma única regra, mas busca chamar a atenção para a importância de se preparar para a aposentadoria.
O modelo assume uma rentabilidade real de 3% ao ano, já descontados custos, impostos e inflação. Embora todos devam buscar uma rentabilidade maior, se conseguirem isso é ótimo e permitirá um valor superior aos nove anos previstos para quando atingirmos 65 anos.
Costumamos dizer que se preparar para a aposentadoria aos 25 anos é como uma caminhada em um parque: aos 35 é como subir Morro do Cambirela, montanha de 1.052 metros que fica em frente de Florianópolis; aos 45, é como escalar o Aconcágua, maior montanha das Américas com 6.961 metros entre o Chile e Argentina.
Portanto, quanto mais cedo você começar, mais fácil será o seu caminho. Lembre-se: o melhor dia para começar um plano de aposentadoria é aos 25 anos, e o segundo melhor dia é hoje. Mesmo que você julgue que não vai atingir o ideal de nove anos, quanto maior for o valor acumulado, mais tranquila será a sua velhice.
Para concluir, existem dois erros financeiros possíveis: poupar demais e viver de menos ou poupar de menos e viver demais. O 1-3-6-9 ajuda a evitar ambos.
Jurandir Sell Macedo
Doutor em Finanças Comportamentais com pós-doutorado em Psicologia Cognitiva, sendo pioneiro nesta área no Brasil. Nosso consultor na área financeira e previdenciária.